segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Pela longa estrada da vida...



... Eu subo no ônibus de volta do colégio. Ao passar na roleta, meu chaveiro de bola 7 nada leve vai de encontro à catraca. O ‘motô’ pensa que o trocador bateu moeda pro busão parar, dá uma freada e geral vai ai delírio: "- Motorista fdp!". A essa altura a forofa pro churrasco entre família, da dona que carregava 58 bolsas de supermercado, já tinha virado farinha. O office boy, com sua pastinha de contas a pagar, olhava pra mim. Tadinho dele, que teria de enfrentar fila de banco numa segunda-feira.
Filas. Coisas momentâneas acontecem nelas. Um olhar, um passo, um toque. "- Ei, desocupou aquele caixa ali!". Seu dinheiro voa, mas você não pode sair dali. "- Vai perder seu lugar...". Se correr a fila anda e se ficar o dinheiro falta. "- Próximo!".
Pois bem, isso não vem ao caso. Sempre tem um ponto de ônibus onde a maioria dos passageiros desce. Não, não é o meu. Mas lá é onde vendem um hot-dog com uvas-passas – até hoje não entendo o prazer dessa mistura. Do lado dessa lanchonete mora um anão albino, aliás, morava. Faleceu há dois dias atrás e não houve velório porque anões viram duendes. E o que a foto de uma vaca tem haver com isso? A vaca não pega ônibus...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Chove chuva...



Está chovendo hoje, choveu ontem e, segundo o climatempo, choverá amanhã. Como disse em texto anterior, a minha relação com a chuva é uma complicada relação de amor e ódio. Odeio a chuva quando ela impede o meu ir e vir cotidiano ou quando ela cancela eventos dos quais eu gostaria de estar presente. Mas, hoje, falarei mais bem do que mal sobre a precipitação pluvial. Toda vez que chove, resgato alguma antiga memória. O "cheiro" da chuva (alguns a chamam de cheiro de terra molhada" me evoca recordações antes esquecidas. A memória olfativa é poderosa! Muitas vezes encaro a chuva como um desafio. Quer testar a capacidade de abstração de alguém ou saber se algo é importante para você, aconselho a fazer isso em dia chuvoso. Quem está disposto a se molhar durante uma chuva, geralmente, demostra ou obstinação ou abstração. Creio eu, que vocês já perceberam que em séries, novelas e filmes as cenas de enterro e de grande paixão são, frequentemente, realizadas sob chuva. Naquele momento, ou nada importa para você ou existe algo relamente importante que faz a chuva se tornar insignificante. Dentre as várias "coisas simples da vida", existe uma que eu particularmente gosto: dividir o guarda-chuva com alguém. Acho que é um ato singelo mas ao mesmo tempo forte. Compartilhar para se proteger. Talvez se alguns relacionamentos tivessem divido um guarda-chuva eles teriam tido sucesso. Acredito também que se a humanidade aprendesse a compartilhar estaríamos mais bem protegidos (de nós mesmos). Olho pela janela, a chuva ainda cai. Daqui a pouco vou sair. Alguém quer dividir um guarda-chuva?...

sábado, 20 de outubro de 2007

AU AU etcétera

A gente se esquece das coisas. Escapa de nossas lembranças aquele instante em que aglomeramos com o óvulo, quando nos dividimos em pelotas celulares e tínhamos o poder de respirar de baixo d’água. Nos esquecemos também do rosto do cara que deu um tapa em nosso bumbum para chorarmos e enfim mostrarmos que sim, que estamos vivos. Mas será que um dia a gente lembrou disso tudo pra poder esquecer?
O que veio antes de mim e você é o desconhecido, ponto. Suspeitei desde o princípio ter a certeza da incerteza e a consciência da inconsciência de sermos meros cemitérios de lembranças ambulantes. Não me recordo se Hebert Viana, Marcos Mena e Zagallo morreram, mas será que eles descobriram qual o segredo da vida? Aliás, quem é esse desocupado que diz a vida ter um segredo?!
Após anos e anos de intensa e profunda prática de meditação, chego á conclusão de que os latidos na calada da noite são, na verdade, uma tentativa de nossos amigos cães nos revelarem o dito cujo. Tentativas inúteis, creio eu. Suspeito que o ‘segredo da vida’ é nos matermos vivos – o que não deixa de ser um mistério. Como provar que se está vivo é que é o problema, e se na hora a gente se esquecer de repirar ou o outro não enchegar que temos um coração? Foi isso que aconteceu em um domingo sangrento, numa Babi Yar da vida ou em duas cidadezinhas japonesas perdidas no mapa. Talvez, se irlandeses, judeus, japoneses e civis em geral tivessem chorado, como todos fazem depois do clássico tapinha medicinal no início, teriam sido poupados.
Mas espere aí, eles choraram sim...

domingo, 14 de outubro de 2007

Haja luz...


"Haja luz; e houve luz". Dizem alguns que, no princípio, assim disse o "criador". Disse também que a luz era boa e assim separou a luz das trevas. Utilizar a dicotomia luz/trevas como metáfora é tão antigo quanto a existência do próprio mundo. Gosto da noite! Durante o dia, a luz solar nos obriga a enxergar tudo ao nosso redor (a não ser que se feche os olhos); porém, à noite é diferente. Após o crepúsculo, enxergamos só aquilo que desejamos ver. A iluminação, isto é, o uso da luz para determinado fim, permite o exercício desse arbítrio. A noite é muito mais humana que o dia (leia-se humano como avesso a natureza). O ser humano foi capaz de contrariar a natureza, que diz que a noite é para descansar e inventou coisas interessantes para se fazer no escuro. Durante o dia somos obrigados a trabalhar assim como as plantas são obrigadas a fazer a fotossíntese produzindo o seu próprio alimento. Para mim o dia sempre foi um coadjuvante, um preparativo para a noite. Se "Deus"criou o dia, o homem inventou a vida noturna e viu que era muito boa. Deve ser por isso que nos sentimos livres para fazer coisas que nunca faríamos durante o dia. O horário de verão começou e o verão se aproxima. Haja luz durante esses dias! Mas lembre-se, quando assistir um pôr-do-sol, aprecie a beleza daquele momento. Não o encare como o fim de mais um dia, mas sim, o início da noite, onde estamos condenados à liberdade e pdemos ser, quem somos ou quem não somos, isto é, sermos humanos! Não importa o horário que você esteja lendo esse texto, boa noite para você...

domingo, 7 de outubro de 2007

Carta aos meus filhos,

Vivi à espera da cura do câncer, dos extra-terrestres e do apocalipse.
As sociedades, que antes eram formadas por clero, nobres e servos, na minha época era constituída por: servos, servos e servos. Passava mais da metade de meus dias, durante 30 anos, para chegar ao fim do mês, receber uns papéis valorosos com poder de sublimação e alcançar a longevidade - e nem ao menos ser respeitada por meus grisalhos cabelos.
Os preços iam além da inflação. Deixamos de ser nômades há tempos. Se faltava a comida não era preciso mudar de lugar, podíamos matar vaquinhas á vontade, transformar frangotes em verdadeiros chesters tamanho GG e clonar ovelhas.
Tudo era instantâneo. Informações instantâneas, mensagens instantâneas, sentimentos instantâneos, até o macarrão era instantâneo!
Assim era o mundo em que vivi. Um mundo de importantes insignificâncias, onde o último é sempre o último e o miojo nunca fica pronto em 3 minutos...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Previsão do tempo...


Estava esperando a inspiração para escrever aqui, mas ela não veio. Durante a espera ouço a previsão do tempo para amanhã: "sol com algumas nuvens, não chove". Essa previsão me fez escrever sobre algo que penso frequentemente: a influência do clima sobre as pessoas. O clima sempre foi uma obsessão minha. Adoro o sol, gosto da chuva (de vez em quando a gente se desentende), num próximo post falarei sobre ela. Mas a influência climática pode ser observada nos mais variados momentos, seja na alteração de humor de uma pessoa por causa do clima ou até o desenvolvimento sócio-econômico dos países. Se observarmos, os países com maiores IDH são os mais afastados do Equador, ou seja, países em sua maioria com clima temperado. Exemplos, no hemisfério norte, onde o norte tende a ser mais desenvolvido:nas 13 colônias da américa do norte, na Itália, na Europa Ocidental onde a Escandinávia se destaca pela qualidade de vida, etc.. No hemisfério sul, onde o sul tende a ser mais desenvolvido: o sul da América do Sul, o próprio Brasil, onde o desenvolvimento econômico se deu, principalmente, na região centro-sul, etc... Na música, a influência é notável. Alguém acredita que bandas como coldplay, radiohead entre outras, poderiam surgir num verão 40 graus do Rio de Janeiro?Ou o chiclete com banana fazendo carnaval em Londres? O fato dos ingleses cantarem musicas melancólicas é até compreensível, afinal, deve ser difícil estar alegre frequentemente num lugar onde só faz sol durante cerca de 58 dias no ano! Alguém explica o fato das maiores taxas de suicídio serem a dos países com as menores médias térmicas no mundo? Para mim, o clima é uma das maiores demonstrações de que o homem não pode controlar tudo. Se existe uma entidade superior (pode chamar de Deus se quiser) ela pode ser muito bem observada através do clima, por se tratar de uma das mais notáveis manifestações da natureza. Tem uma música que tem uma metáfora muito boa: " Can you catch the wind? See a breeze? Its presence is revealed by the leaves on a tree.." Enfim, quando anunciarem a previsão do tempo, preste atenção!!Talvez ela seja mais importante do que você pensa. Será que vai chover?...