domingo, 14 de dezembro de 2008

Tenho que andar...


Na corrida que é a vida, sempre me orgulhei de ter corrido, sem parar. Corro atrás dos meus objetivos, do que eu quero. Alguns amigos meus dizem que tenho vocação para andarilho. Acho que herdei essa necessidade de você. Você dizia várias vezes “tenho que andar”, mesmo sem ter algo necessariamente importante para resolver. Pois bem, no dia 01 de dezembro de 2008, eu parei. Não conseguia mais correr. Nunca havia passado por isso. De uma vez só, me encontrava só. Começava a compreender o que era dor. Acreditava que sofrer por alguém só poderia causar dor no sentido metafórico, mas não. Assim como toda metáfora, essa tinha um correspondente em sua literalidade. Havia uma dor no meu peito, uma vontade de gritar, mas gritar o quê? O nó em minha garganta não permitiria a pronúncia de qualquer palavra. O dia era de sol no Rio de Janeiro. Dia maravilhoso assim como a cidade que aprendi a amar contigo. Lembro-me que andei bastante com você. Durante um período em minha vida, saía com você pelas tardes para aprender. Aprendi um pouco sobre política quando se envolveu com ela. Conheci pessoas e caminhos que antes não havia percorrido. Até hoje, faço questão de saber o nome das ruas que percorro. Quando mais novo, pedia sempre para ficar em seu cangote. Desse modo, apesar da pequena estatura, podia enxergar o mundo de cima. Fora através de seus olhos que aprendi a enxergá-lo. Aprendi muito com você. Nunca chegou a lecionar para mim em sala de aula, mas seus amigos me diziam de sua facilidade com os números e fórmulas da Física. Acho que aprendi mais com você durante as aulas de vida que me proporcionava quando compartilhava algum momento com você. Ultimamente, estávamos próximos apesar de minhas constantes viagens. Você estava doente. Lembro-me das várias vezes em que chegava em casa e você, deitado, olhava para ver se tinha chegado bem. Sabe que eu te amo, né? Palavras que poderiam para o leitor cético serem vazias de significado, na verdade, possuíram significado tamanho e verdadeiro que o silêncio poderia representar melhor o que sentia e ainda sinto. Acho que é por isso que pedem um minuto de silêncio. Silêncio que se ausentou numa noite em que você, no hospital, lutando contra a sua mente, ouviu de mim que o amava e você respondeu reciprocamente em lágrimas. Agora, você é só saudade. Não conheci homem bom como você. Todos falavam e ainda falam de seu sorriso. Não reclamava. Levava a vida com alegria. E a vida o levou. Sentirei saudades eternamente. Tenho que andar...

sábado, 18 de outubro de 2008

RJ 174.067

Aqui estou. Vou ser um pouco narcisista e falar de mim. Ultimamente, meus dias têm sido corridos. Agora, estou viajando a cerca de 90 km/h, ouvindo Arctic Monkeys e escrevendo o que você está lendo. Acredito que escrevi e refleti tanto sobre viagem que isto se tornou minha sina. Passo de segunda a sexta cerca de 4 horas diárias dentro do ônibus (em breve irei registrar parte de meu dia). Tenho pouco tempo disponível, apesar Ed não me faltar tempo para refletir sobre a vida. Confesso que, às vezes sinto falta da disponibilidade de contato humano. Agora estou voltando para Volta Redonda e volto pensando no meu dia. Se uma vez eu disse que o melhor de se viajar é a impossibilidade da indiferença, sempre se volta diferente. Eu já tanto fui e voltei que mudei. Não sei como. Mas mudei. São tantas viagens que me perdi no meio da estrada. Sei o destino, sei por que estou indo, mas não sei quem está viajando. Valeu pela volta. Na minha frente um dizer: “Parada Somente no Ponto”. Acho que o ponto é esse. A gente se encontra em outra viagem.

(escrito em setembro)

sábado, 6 de setembro de 2008

Ainda em tempo...





Agradeço ao apreço do blog Revoluteando e adejando! , por ter selado o Reticências... com o selo acima...

Respeitando a tradição de passar o selo para alguém que o mereça... Ele vai para: Ideal Inefável

Abraços a todos...

Falta de tempo, mudanças e reticências...

Almocei a bastante tempo... A Dercy já morreu faz tempo... Faz mais de um ano que, juntamente com minha irmã, comecei a escrever sobre as reticências da vida... Mas ultimamente ando sem tempo... Percorro muitas distâncias, viajo boa parte do meu dia... Cansado não estou, ainda estou correndo... Mas posso adiantar que o blog passará por reformulações em breve... Resultado da minha nova rotina e de... A gente envelhece e cada vez mais ficamos sem tempo... Enfim, tenho muita estrada para percorrer e o blog também... Oportunidades surgem... Temos que nos adaptar... É o que esse espaço buscará em seu novo formato... Afinal, tudo muda... Mas sempre vai existir algo a ser dito... Ainda termino minhas frases com "..."... Sobre mudanças... Já era tempo... A vida continua... Afinal, não é ponto final... É reticências...

domingo, 20 de julho de 2008

Depois do almoço...

Depois do almoço, num dia de verão, lá em Minas, perguntei para minha irmã: Já parou pra pensar que todo o restante da nossa vida será após esse almoço? Após a refeição do meio-dia fico sonolento e geralmente satisfeito. Mas depois daquele almoço não foi o que ocorreu. Nem sempre paramos pra pensar sob essa perspectiva. Existe todo o resto da nossa vida pela frente. Esqueça o café da manhã, pense no que virá depois do almoço. Ontem, meu celular tocou. Ele estava me avisando de algum compromisso na agenda. Quando fui olhar, estava escrito: "O que aconteceu?". Já falei que escolho uma data aleatória para fazer um balanço sobre em que medida sou senhor do meu destino e, em contrapartida, em que medida sou refém dele. Sempre faço planos. Posso dizer que hoje, muita coisa do que aconteceu de lá pra cá eu não fazia idéia. Mas posso dizer também, que as surpresas agradáveis são fruto das minhas decisões. Não imaginei que estivesse viajando para BH hoje, que teria vivido uma grande história com o Fluminense na Libertadores e nem que Dercy Gonçalves morreria ontem. Mas sinto que em algum momento eu acreditei que estaria onde estou. É isso que me mantém correndo. Está na hora de jantar...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Casas e confissões...


Não sou sem-teto, mas não tenho casa. Me refiro à casa como sendo aquele lugar onde você se sente à vontade, seguro. Sempre fui um cigano urbano. Sempre estou mudando de lugar. Ficar em "casa" me deixa muitas vezes à beira de um ataque. Não costumo criar raízes nem vínculos com algum lugar. Entretanto, quando isso ocorre, acontece com bastante intensidade. Tenho a sensação de sempre estar caminhando ao desconhecido. Mas semre caminhando. Na estrada da minha vida, no máximo, encontro hotéis,pousadas, motéis e etcs. Quase sempre sou hóspede, poucas vezes anfitrião. Nunca encontrei uma casa. Não consigo responder com razoável grau de certeza onde estarei nos próximos anos. Acredito que essa propensão ao nomadismo me tornou uma pessoa forte, uma vez que tive que procurar segurança e estabilidade em mim mesmo. Em contrapartida, por essa razão, posso ter me tornado exigente em criar vínculos. Acho que me preocupei tanto em me proteger psicologicamente que dispenso meios físicos de proteção. Em 20 anos, foram algumas "casas", nenhum lar. A idéia de que estar no lugar onde se queira estar possa siginificar felicidade me atrai. Acredito que por isso estou sempre me movendo, como nômade. Enfim, acho que quero deixar de ser hóspede e me tornar um anfitrião. Talvez um dia eu encontre uma casa. Vou ler os classifcados...

terça-feira, 3 de junho de 2008

O Sentido do Caos...

A banca sempre vence, diz o ditado. Não moro em Las Vegas, mas os cassinos me lembram sobre a aleatoriedade e como a vida é imprevisível. É incrível a tendência do ser humano em simplicficar a vida. Basta observar a ciência para notar essa necessidade reducionista. A maior parte do que aprendemos na escola, só é válido para sistemas simples, fechados, onde as variáveis são fixas e existem em pequeno número. Acredito que a vida é mais complexa e caótica. Às vezes, fico imaginando as cerca de 6 bilhões de pessoas que vivem no globo como pequenos pontos. "Olhando de cima" aqueles pontinhos se movendo dá para notar como eles se movem. Alguns mais, outros menos. Alguns vivem se cruzando. Já outros pontos, nunca se cruzaram e nem se cruzarão, porém se influenciam de maneira surpreendente. Eu nunca cruzei com Jesus Cristo, Osama bin Laden ou o Bono Vox, mas eles me influenciaram ou influenciam de certa forma a maneira como a minha vida se encontra. Você consegue imaginar a propabilidade da gente se encontrar em algum instante de nossas vidas? Considerando que cada um de nós somos apenas um pontinho no meio de 6 bilhões e que cada um viva alguns bilhões de segundos, eu não apostaria nisso. Porém, você está lendo esse texto, de alguma forma a banca perdeu dessa vez. A Teoria do Caos considera e estuda esses sistemas complexos e caóticos. Mais do que a crença difundida do efeito borboleta, a teoria diz como as interações entre as variáveis produzem resultados aleatórios e imprevisíveis. Os resultados matemáticos contidos nessa teoria formam, graficamente, um fractal com formato de borboleta. Não acho a vida simples não. Ela é um emaranhado complexo de interações cujo os impactos de nossas decisões ecoam pelo tempo. Se minha vida fosse um cassino, com certeza, a banca iria perder. Me pergunto o porquê de estarmos vivos, vivendo dessa maneira e o motivo das outras infinitas possibilidades não terem se concretizado. Por que não sou o que poderia ter sido? A reposta talvez seja pela mesma razão que uma lagarta se tranforma em borboleta...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Diálogos...


Mais uma vez saí de casa sem destino. Não consigo ficar parado. Olhando pela janela, o mundo me convidava para um passeio. Andando pelas calçadas, pelas pessoas, notei como a maioria delas sabiam para onde estavam indo e como poucas sabiam porque estavam indo. Sabia porque , mas não sabia para onde. Estava na lagoa e desci a Vinícius em direção à praia. Talvez no Arpoador eu descobrisse para onde estava indo. Caminhando pela Vieira Souto, olhava o mar. Sentei nas pedras, esperando por uma resposta. O mar bate nas rochas, uma mão bate em meu ombro:

- Posso sentar?

- Pode. Vivemos num país livre.

No mesmo dia, após algumas trocas de olhares você me pergunta:

- Como uma pessoa se torna especial em nossas vidas?

- Eu realmente não sei.

- Quando me tornar especial pra você, você encontrará a resposta.

Hoje, olhando em seus olhos, vejo o meu mundo. Você faz parte do meu mundo.
Num outro dia, eu conversando contigo sobre o tempo:

- O tempo não existe! Veja bem: O passado são memórias; o futuro não aconteceu; e a única coisa que se sabe sobre o presente é que ele não é nem passado nem futuro.

Você sorri e me diz:

- Assim você me convence que a vida é um sonho.

Te vendo aqui do meu lado, tenho certeza disso. Hoje, eu sei que naquela tarde você se tornou especial para mim. Naquele momento, também descobri para aonde vou: Eu vou aonde você for...

domingo, 4 de maio de 2008

Faça um pedido...



Alguns se queixam de que não pediram para nascer. Eu fiz um pedido. Queria entender o meu mundo e o mundo das pessoas. Passei a entender que a vida é feita de escolhas. Tudo bem, nem sempre escolhemos quais são as alternativas, mas escolhemos dentre as alternativas. Frequentemente o ser humano acredita que pode "não escolher" (como se isso não correpondesse a uma alternativa), na tentativa de se eximir das responsabilidades de suas decisões. Não adianta, ao percorrer nossa trilha somos obrigados a tomar decisões. Nossas escolhas criam o mundo ao nosso redor. Chega um momento em que mundos/galáxias se colidem (foto). Após essa colisão, estrelas são geradas. Um novo mundo é criado. Você pode aceitar essas colisões ou encará-las como acidentes. Prefiro a primeira opção. Você pode ficar esperando a colisão ou se preparar para ela. Tenho o costume de marcar uma data aleatória na minha agenda. Nesse dia, olhando as folhas passadas, procuro saber se o que aconteceu até aquela data foi mais consequência das minhas ações ou das ações dos outros. Livre-arbítrio ou destino? Prefiro acreditar que escolho meu destino. Decisões, escolhas. Você constrói sua vida ou os outros a constroem para você? Pode parecer simples, e de fato é! Faça um pedido e coloque no seu coração. O que você quiser... Tudo o que você quiser. Você tem? Que bom. Agora acredite que pode se tornar realidade. Nunca se sabe onde o próximo milagre vai sair, o próximo sorriso, o próximo desejo tornado realidade. Mas se você acreditar que está bem ali na esquina, perto de você... Você acaba conseguindo aquilo que você deseja. O mundo é cheio de mágica. Você apenas precisa acreditar nela. Então, faça o seu pedido. Você tem? Que bom. Agora acredite, você está construindo o seu mundo...

P.S.: A partir de hoje escreverei quinzenalmente no blog, com exceção para fatos notórios ou que me inspirem incrivelmente.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Pijama, eu escolho vocêêêê!


Chega uma hora na vida da gente que temos de escolher entre uma coisa ou outra. Hoje, escolhi o azul desbotado com babado branco nas bordas. Existem duas formas bem eficazes e práticas de se conhecer uma pessoa: como ela dorme e com o quê ela dorme. Salvo aqueles casos em que o pijama passa a criar vida própria se tornando uma extensão material de seu corpo, daí a necessidade de uma cama é tal que não o tira. Na minha terra, isto recebe o nome de tédio enfadonho introspectivo velocidade cinco.
O movimento de girar a chave, torcer a maçaneta e abrir a porta é, senão, o simbolismo mais formoso daquilo que chamamos de vida. Pergunta: passar em média ¹/3 da vida dormindo é uma atitude inteligente? Ah, eu voto em que comecemos a hibernar lá pelos 60 anos de idade... Gosto da rua em seu sentido usual de "lá fora", do ninguém coletivo que no fim das contas é o mais belo atrativo, de deitar junto á colchas e cobertas e me falar daquilo que vi. Pesquisas recentes mostram que adultos que brincaram na rua quando crianças tem 83% de chances a mais de serem bem sucedidos do que aqueles que brincavam dentro de casa. Do ponto de vista biológico, as espécies tem a necessidade de interação com o meio.
Se tivesse de escolher algo dentre as minhas últimas horas de vida, escolheria um vale-transporte. Viajaria por horas no circular, imaginando lutinhas Power Rangers contra prédios comerciais, usaria um poste como espada e daria uma laçada com fio de alta-tensão no carinha do mal – claro, isso tudo só aconteceria se, no busão lotado, nenhum cara ‘cheiroso’ assentasse em frente a mim e abrisse a janela, transferindo assim todo o seu ‘perfume’ para meu nariz.
O tédio é diretamente proporcional à quantidade de tempo. Casa é tediosa, rotina é desgastante e o verbo acostumar na primeira pessoa do passado me amedronta. Mas não me preocupo, acomodação é característica geral da minha espécie. Passarei então, horas na frente de um objeto qualquer inanimado assistindo ao delicioso enfado de uma tarde de sexta-feira. Escreverei, pois, sobre devaneios de um tédio introspectivo velocidade seis. Mas dessa vez, escolherei o preto desbotado com desenho de ursinho no meio...

domingo, 30 de março de 2008

22min e 30s...


Em meio à multidão, descia as escadas da estação de metrô da Estácio. Sempre gostara de estações de metrô. Achava aquela reunião de desconhecidos rumo a um destino um momento único. Descendo os degraus , dois jovens lhe chamaram a atenção. O vagão ainda estava lá e pairou a dúvida sobre a possibilidade de pegá-lo ainda aberto. Os jovens, um casal, tentaram sem sucesso embarcar naquele trem. Naquele instante em que as portas se fecharam, seus lábios sorriram um para o outro. Estabeleceu-se uma cumplicidade naquele momento. Continuou a observar o casal. Ao entrarem no vagão, sentaram um atrás do outro. Pôde notar o interesse de um pelo outro. Haviam olhares intensos entre os dois. Os ohos do rapaz direcionavam-se constantemente em direção àquela garota de olhos azuis que, encostada na janela, possuia um olhar também distante, parecendo procurar uma luz naquele túnel. Pensou em como as pessoas surgem e desaparecem em nossas vidas. Em meio ao caos da metrópole, anônimos sorriem. Pensara que muitas vezes as pessoas não precisam ser conhecidas ou permanecerem muito tempo conosco para marcarem nossas vidas. Nesses casos, mais importante do que o tempo de um momento é a intensidade com que são vividos. Estação Siqueira Campos. Os três se preparam para seguir diferentes rumos. 22 min e 30s é o tempo que dura a viagem entre as estações. Tempo esse em que teve a certeza de que aquela intensa troca de olhares seriam lembradas pelos dois. As portas se abrem. Provavelmente não se encontrarão mais, porém aquele curto episódio ficará marcado na longa viagem da vida. Olhou para o chão, estava escrito: Atenção com o espaço entre o trem e a plataforma...

domingo, 9 de março de 2008

Deixa o verão...


A mais cantada e adorada estação do ano está para se acabar. Dia 20 finda-se o verão e com ele todo o resquício de férias, carnaval e vagabundagens cometidas na estação ensolarada. Propagandas engraçadinhas da Skol à parte, ouso dizer que esse verão foi um fiasco. Não digo da vida pessoal do leitor, nem da minha, falo sim da conjuntura " verônica". Basta dizer que não houve nenhum grande hit musical, nenhuma grande moda, não deu praia quase nenhum dia e fez um frio "infernal" grande parte da estação. Se nada extraordinário ocorrer até o dia 20, o verão de 2008 (ou será de 2007?) será lembrado pela dengue, pela renúncia de Fidel, pelas eleições americanas e pela aprovação de um garoto de 8 anos no vestibular!!! Vamos combinar que as prévias americanas não combinam em nada com verão, sol, praia... Temo pelo provável fiasco veraneio. Aquecimento global ou implicância pessoal, fato é que se o verão for um fiasco, me preocupa o que será do inverno ou da primavera??! Daqui a pouco, as flores não irão mais nascer, não vai dar praia e não haverá mais romances de verão, musiquinhas de verão e etcs... Portanto, temos que salvar o verão! Ainda temos tempo! Vamos trasformar esse restane de estação e juntamente com as águas de março, fechar o verão com chave de ouro. Quiçá ainda é cedo para meu desespero e tem razão aquele que cantou sobre o verão. Afinal, temos sol o ano todo, deixa o verão pra mais tarde...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Geração Coca-Cola Zero


"Turururu, turururu, tutututu-rúúúú. Turururu, turururu, tutututu-rúúúú. Alô!? É pra você..." Samba-canções de plantão, não há mulher no mundo que resista a essa cantada a la comercial coca-colano. Quero dizer, exceção para aquelas que prefiram refrigerante de guaraná à Coca, por acreditar ser ser este o temível vilão causador de leituras corporais em braile -vulgo celulite- e, aquele, ser inofencível pelo motivo de ser uma fruta bonitinha encontrada no sexto dos infernos das selvas equatoriais brasileiras. Bem, "ingnorâncias" a parte, o tal do líquido preto de cafeína, extrato de noz de cola, corante caramelo IV, acidulante INS 338 e etcéteras desconhecidas, porém saborosas, merece um espaço exclusivo nesse antro de ideologias nonseses, sofísmas e irrelevantismos de um nexo desconvexo, uma vez que não caberia nos meus dedos dos pés e das mãos a quantidade de vezes nas quais ela esteve presente. Seja na escola ou no bar, na rua ou na casa, no ócio ou na agitação, não importa! Lá estava ela, exibindo sua cor negra e escorrendo água a fora do copo, colocando em evidência sua temperatura ideal.
Aposto uma Coca com você que são vendidas, por dia, 40.000 latinhas por segundo nos EUA da marca mais conhecida e vendida do mundo. Tá certo, eu ganhei a aposta. Mas não tem problema, vamos até ali na sala vip da Cidade do Aço na rodoviária de Volta Redonda que você compra uma latinha por R$1,00! (Ps.: e é da boa, é de máquina de refrigerante!) Máquinas de refrigerantes... essas sim são um perigo! Em média, 17 pessoas morrem ao ano por culpa delas. O motivo? Soterramento, esmagamento, amassamento, diminuição estrutural significativa, mortadela humana. Sem falar da Califórnia, onde já quiseram vender maconha medicinal nas mesmas máquinas. Pensa bem, além de esfarelado, o cara ia ter overdose! Loucura, loucura, loucura.
"Tsssss... Aaaaah!". Onomatopéia óbvia, Joãozinho (o mesmo das piadas) abriu uma latinha, deu um gole prolongado a medida de sua taradeza de sede soltou aquele "Aaaaah!" de satisfação -por motivos de forças gramaticais maiores, eu não soube descrever gases soltos pelo nariz.
A idéia ilusória de "Tomo Coca Zero, logo sou saudável e natural" poderia ser levada a contextos sociais mais aprofundados e, convenhamos, realmente que mereça espaço na mídia, seja ela formal ou não. Há não muito tempo atrás, um carinha-poeta-cantor idealizou, ou melhor, 'tentou' incentivo àqueles que se viam escravos de algo. O tempo passou e uns bons milhões sofreram calados. O motivo? Ops! motivos, no plural, não faltavam. Hoje, já somos os netos e não os filhos da revolução, proletariado sem religião e sem deus que queria nos salvar, sem nação nem noção. Geração Coca-Cola Zero! Palavras de alguém que um dia já quis mudar o mundo, mas hoje preferiu tomar um suco de laranja com gelo e açúcar...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Retrato de um passado...

Acordou mais uma vez sem saber o que estava por vir, assim como o sol não sabe o que vai iluminar. Era primavera, a temperatura matinal era agradável. Tinha sido acordado pelo aparelho de som que fora programado para ligar às 6:17. Durante a noite, ele sonhava. Mas após acordar, não se lembrava de nenhum sonho, assim como não se lembrava de quantas vezes já tomara aquele achocolatado antes de ir para o colégio. Tinha 16 anos. Mal sabia como um dia sentiria falta daqueles tempos. Tempos em que se preocupava somente em se sair bem na escola e se sair bem com as garotas. Garotas essas que sempre lhe tomavam alguns minutos em meio às suas reflexões diárias. Ia caminhando para o colégio todos os dias. Sob a brisa da manhã, observava as pessoas nas ruas, em direção à escolas, lojas, destinos. Tinha curiosidade em saber se aquelas pessoas ao final do dia teriam suas vidas mudadas. Seriam elas as mesmas pessoas quando forem encostar suas cabeças no travesseiro? Durante as aulas, amizades eram consolidadas, relacionamentos eram iniciados, fatos ocorriam. Fato, que na noite anterior havia beijado os lábios de uma garota. Toca o sinal, fim de aula. Começou a fazer o caminho de volta para casa. Na cozinha seu prato de almoço o esperava. Naquele mesmo dia voltou ao colégio durante a tarde. Voltou a encontrar a garota na qual havia provado o néctar antes do sol nascer. Possuia lindos cabelos negros e lisos. Sua energia irradiava pelos seus olhos. Naquele dia passearam durante o cair da tarde. Sentados num banco de praça, percebeu a responsabilidade que existe quando alguém se enamora por outro. Queria ter o olhar apaixonado que o olhava, mas não o tinha. Outras vezes teria aquele mesmo olhar apaixonado, mas quem o olhava não o possuiria. A noite chegou, trazendo consigo o sono. É como Alguém diz, Morfeu é bastante persuasivo. Seus olhos se fecham, mas se abrem para enxergar os sonhos condenados ao esquecimento.
Acordou mais uma vez sem saber o que estava por vir. Olhou seu rosto no espelho, não sabia se era mais o mesmo. Não sabia também porque acordou com a lembrança daquele dia de primavera aos 16 anos. Começou a escrever sobre aquela memória. Colocando palavras no papel, descobriu o porquê da recordação de tempos longínquos:tinha se lembrado de um sonho já esquecido...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

621,4 milhas


Na minha terra tem caieiras onde nascem Jatobás. As coisas que aqui sucedem, não acontecem como lá. 621 milhas de asfalto se fizeram concreto, uma curva feita no anel rodoviário sul e eis que surge o lugar. Odiado por muitos, lembrado com desprezo por alguns, querido por poucos, encantador por mim. Tem gente que, de súbito, acorda com vontade de ir ao banheiro, vontade de comer, vontade de beber. Mas hoje não, hoje eu acordei com vontade de escrever.
Histórias de um fascinante verão. Fatos seriam censurados, se publicados. Como numa quarta-feira, duas cangaceiras revolucionárias partiram em uma aventura com outros loucos. O cachorro latia, os espíritos chegaram. Óh não! O sol é um ovni! --(trecho censurado por motivos de força maior)-- Uma dessas foi tentar a vida na cidade grande. E a outra, há quem diga que virou nômade por vontade, alguns tribuem á ela o adjetivo "hippie". Estórias que o povo conta...
Havia algo de estranho no ar. Era uma magia antes camuflada naquele céu sempre exibido por formas singulares e inéditas, sem reprises. Os risos floresciam como a chuva de panfletos das franjas do mar de Ipanema num vespertino sábado veraneio.
Cabelos negros mesmo que iluminados pelos raios do sol voavam contra o vento projetado pela cavalgada rumo ao Reino das Nuvens. Por que raios usar capacete em Montes Claros se os muitos buracos vem de baixo? A missão de levar o bolo escaldante em vermelho de contentamento foi um sucesso. A Esquilo Real teve suas bodas de rosas comemoradas a altura de sua importância para a Trupe das Cabritas. O eixo de encontro não-residencial era o mesmo lugar onde se abastecem as carruagens, que poucos passos dali sempre havia um banquete onde não só bola rola, mas também podia ser completo, com bacon ou na grelha.
Aqui tem escada rolante, tem meio-passe, tem chuva de verão, tem mar. A gente entra pela saída do ônibus... Lá tem é elevador, tem vale-transporte, tem verão, tem rio. A gente entra pela entrada e sai pela saída. Mas quando desce, 622 milhas: Bem-vindo a cidade grande...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Correndo...


Às vezes, corro contra o tempo. Às vezes, simplesmente corro. Hoje eu corri. E fiquei pensando em como a vida é uma corrida. Gosto muito de correr, houve uma época em que eu cheguei a correr quase como o Forrest Gump corria. Após nascermos, começamos a engatinhar. Nosso desejo por andar faz com que tomamos nossas primeiras quedas. Passa-se algum tempo, e enfim, estamos andando. A partir desse momento podemos ir até onde queremos. Acho que se trata do primeiro passo para a caminhada rumo à independência. Desse momento geralmente nos lembramos, ou nossos pais fazem isso por nós. Mas, uma coisa de que pouca gente lembra é de quando começamos a correr. Sempre corri. Muitas vezes sem saber para onde, muitas vezes fugindo de algo. Lembro de quando comecei a tornar a corrida um hábito. Estava na avenida Corrêa Machado e simplesmente me surgiu a vontade de correr. Corri o quanto pude, até sentir meu corpo exausto e no limite. Desde lá sempre vivo correndo. Chega um momento na vida em que não nos contentamos somente em andar e contemplar a paisagem. Queremos correr e ir ao encontro de nossos sonhos o mais rápido possível, com nossas próprias pernas. Como disse, muitas vezes nem sabemos para onde vamos e nem escolhemos o melhor caminho para chegar ao Destino. Quando corremos, percorremos um caminho de forma rápida e que muitas vezes por isso não observamos o que não acontece ao nosso redor. Nessa corrida deixamos pessoas para trás, mas encontramos outras mais em frente. Durante parte do trajeto, podemos nos sentir cansados, mas de repente nos lembramos para onde estamos indo (ou de onde viemos) e assim conseguimos nova energia para continuarmos nessa jornada. Existem aqueles que olham para trás e se orgulham da distância já percorrida. Outros, não enxergam para onde estão indo e por esse ou outro motivo, dão meia volta e começam a correr para onde vieram. Alguns se cansam e voltam a andar. Sei que ainda não cansei. E que continuo correndo. Não sei ao certo o que encontrarei no meu destino e nem quando irei cansar e parar de correr. Só sei que o tempo está correndo, e ele nunca se cansa. Como diz um provérbio africano: "Todo dia na savana, o antílope acorda e sabe que terá que ser mais veloz do que o mais lento dos leões para sobreviver. Todo dia na savana, o leão acorda e sabe que terá que ser mais rápido que o mais lento dos antílopes para não morrer de fome. Ou seja, não importa se você é um antílope ou um leão, é melhor começar a correr"...

sábado, 5 de janeiro de 2008

A Revolta dos Chesters - Parte II


"(...) E todos nossos sonhos serão sonhos, o futuro já passou". Estas foram as últimas palavras do líder do sindicato AVL, instantes antecedentes de ser requentado um dia depois do reveillon. Sua carne pálida cheia de rancor fora artificialmente dourada para o almoço. O pior já tinha passado. Na noite da virada, todos reclamavam como aquele chester estava anêmico. Ele vinha fazendo greve de fome em frente a prefeitura, se negando a comer quaisquer grão de milho que fosse até que o Governo os livrassem do mais triste destino aviário. Os engravatados do poder não torceram seus braços. A queda de preço foi inevitável e não sobrou nenhum chester pra contar a história de uma bem sucedida revolta dos voadores. Na mesa do almoço, o tio cachaceiro estava de ressaca, assim como a adolescente rebelde. O cachorro mal conseguia encontrar seu pote da ração, de tão embreagado que estava. Malditas crianças catarrentas que fizeram isso com o pobre Bob, Snoop, Bettoven, Paquita, Totó ou qualquer nome canino que atendia. O primeiro dia do ano deveria ser conhecido como Dia da Ressaca Universal, não como a data da Confraternização Universal. Quando eu dizia, na supervisão do meu antigo colégio, que o sistema era errôneo...
A Dona da casa (ou cativeiro) vestia seu melhor vestido estampado de flores fluorescentes, acompanhado de rolinhos na cabeça à la Dona Florinda. Reclamava com o marido das contas que deviam vir a pagar, dos impostos. Ele, replicando com o jornal nas mãos, dizia não haver problema pois a CPMF morreu junto com o espírito natalino, mas este foi morto pelo Ghostbusters e aquele, pela esperança de menos prejuízos bancarios (será?! o IOF já aumentou...). O primo do interior que viera para passar as férias perambulando nos shoppings e afins estava deitado no sofá, na frente da tevê. É a típica preguiça pré-ano letivo, que chega dar um cansaço só de pensar em tudo que meus olhos virão e em tudo que vou esquecer. Na TV ligada, em volume relativamente insuportável a sensibilidade do tímpano, já soava a musiquinha carnavalesca global - pergunta: será que os momentos do ano poderiam ser divididos por vinhetas? "Na tela da tevê" - "Ter um amigo, a gente precisa de amigo" - "Hoje a festa é sua"... feliz 2009!! Talvez...
Aqui jaz a mais curiosa e excepcional manifestação jamais vista antes nesse mundinho de 5ª. Não foi em vão. Àqueles que se sacrificaram, deixo minha sincera comoção. E aos colaboradores de tais atrocidades para com seres alados, deixo uma promessa de vingança. Talvez a Fênix não seja apenas uma ave que resplandesce das chamas, talvez ela esteja entre nós, talvez ela já esteve e até foi cozinhada á molho madeira e requentada no Dia da Ressaca Universal. Mas ela renasce, e já foi vista nos céus do Jardim do Éden. Se eu fosse o Roberto Marinho reforçava a segurança anti-chamas da Globo, porque espisódios como o pseudo-incêndio do Planeta Xuxa podem se repitir. Querem saber quais foram as últimas palavras evocadas pela Fênix? "A gente vai se ver na Globo. Lá vou eu!"...