segunda-feira, 15 de junho de 2009

Prosa e verso...

Linhas contínuas, palavras soltas. Métrica, pontuação. Vivemos entre a prosa e o verso. Essa é mais uma das dualidades existentes em nossa experiência errante. Há quem prefira a prosa. A objetividade, disciplina, pontuação. Existem aqueles que preferem rimar, experimentar a liberdade dos versos (apesar de existir aqueles que escravizam os versos através de regras). Preferências a parte, ambos são elementares. Na obra do Destino, existem momentos em que versamos e aqueles em que proseamos. Sucessão de prosas e versos. Luz e sombras. Sons e silêncios. Através da prosa podemos entender o “para que” das coisas. Mas são os versos que explicam o porquê. Hoje em dia, a maioria das pessoas se preocupam em saber para que as coisas servem. Desejam sem saber por que. Buscam uma explicação para o que não existe. Concordo que tudo tem um porquê. Mas nem tudo tem um “para que”. Pode parecer confuso, e até realmente ser. Pode parecer prosa em verso, como poderia ser prosa em verso. Isso tudo não importa. O que importa é enxergar a arte em sua frente. O poeta não escolhe papel ou teclado, lápis ou caneta, parágrafo ou estrofe. Para que escolher? Afinal, quem escolhe precisa de um porquê. Assim como o verso precisa do reverso...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Gotas do céu...

A água caiu do céu cai como as flores que outrora não haviam desabrochado. O vento sussurrava o que havia por vir. Fim de verão. Tempestade à vista. Eu caminhava pela rua. Caminhava com a displicência de uma criança. Não havia percebido a chuva que iria se formar. De repente, milhares de gotas começam a cair do céu. O barulho produzido por elas enquanto caíam naqueles telhados de amianto anunciavam a força das águas. Refugiei-me debaixo de uma marquise. Não havia percebido que o tempo passa rápido. Tenho a impressão de que tudo que é bom passa rápido. A chuva passa. O sol volta a brilhar. Mas tenho a impressão de que ele já brilhara muitas vezes desde aquela chuva. Um garoto caminha pela rua. Olho ao redor, os muros das casas parecem pequenos. O tempo passa e o mundo vai encolhendo. Não preciso de previsão do tempo. Quando olho para o céu, percebo quando ela virá. E espero. Espero as gotas escorrerem pela minha face e lavarem minha alma. Assim um dia, como a chuva que um dia caiu do céu espero retornar para onde chuva conviva com o sol e a escuridão com a luz. Onde não existam muros nem o tempo...