sábado, 20 de outubro de 2007

AU AU etcétera

A gente se esquece das coisas. Escapa de nossas lembranças aquele instante em que aglomeramos com o óvulo, quando nos dividimos em pelotas celulares e tínhamos o poder de respirar de baixo d’água. Nos esquecemos também do rosto do cara que deu um tapa em nosso bumbum para chorarmos e enfim mostrarmos que sim, que estamos vivos. Mas será que um dia a gente lembrou disso tudo pra poder esquecer?
O que veio antes de mim e você é o desconhecido, ponto. Suspeitei desde o princípio ter a certeza da incerteza e a consciência da inconsciência de sermos meros cemitérios de lembranças ambulantes. Não me recordo se Hebert Viana, Marcos Mena e Zagallo morreram, mas será que eles descobriram qual o segredo da vida? Aliás, quem é esse desocupado que diz a vida ter um segredo?!
Após anos e anos de intensa e profunda prática de meditação, chego á conclusão de que os latidos na calada da noite são, na verdade, uma tentativa de nossos amigos cães nos revelarem o dito cujo. Tentativas inúteis, creio eu. Suspeito que o ‘segredo da vida’ é nos matermos vivos – o que não deixa de ser um mistério. Como provar que se está vivo é que é o problema, e se na hora a gente se esquecer de repirar ou o outro não enchegar que temos um coração? Foi isso que aconteceu em um domingo sangrento, numa Babi Yar da vida ou em duas cidadezinhas japonesas perdidas no mapa. Talvez, se irlandeses, judeus, japoneses e civis em geral tivessem chorado, como todos fazem depois do clássico tapinha medicinal no início, teriam sido poupados.
Mas espere aí, eles choraram sim...

Um comentário:

Guilherme D. Morais disse...

zagallo e hebert viana estão vivos...
mas ainda acho q o marcus mena faleceu...
infelizmente,acredito q nas atrocidades citadas,os seus autores tinham a plena consciencia de que suas vitimas estavam vivas...
ainda me revolto e não consigo achar explicação razoável p/ a imbecilidade e insanidade humanas...