domingo, 17 de fevereiro de 2008

Geração Coca-Cola Zero


"Turururu, turururu, tutututu-rúúúú. Turururu, turururu, tutututu-rúúúú. Alô!? É pra você..." Samba-canções de plantão, não há mulher no mundo que resista a essa cantada a la comercial coca-colano. Quero dizer, exceção para aquelas que prefiram refrigerante de guaraná à Coca, por acreditar ser ser este o temível vilão causador de leituras corporais em braile -vulgo celulite- e, aquele, ser inofencível pelo motivo de ser uma fruta bonitinha encontrada no sexto dos infernos das selvas equatoriais brasileiras. Bem, "ingnorâncias" a parte, o tal do líquido preto de cafeína, extrato de noz de cola, corante caramelo IV, acidulante INS 338 e etcéteras desconhecidas, porém saborosas, merece um espaço exclusivo nesse antro de ideologias nonseses, sofísmas e irrelevantismos de um nexo desconvexo, uma vez que não caberia nos meus dedos dos pés e das mãos a quantidade de vezes nas quais ela esteve presente. Seja na escola ou no bar, na rua ou na casa, no ócio ou na agitação, não importa! Lá estava ela, exibindo sua cor negra e escorrendo água a fora do copo, colocando em evidência sua temperatura ideal.
Aposto uma Coca com você que são vendidas, por dia, 40.000 latinhas por segundo nos EUA da marca mais conhecida e vendida do mundo. Tá certo, eu ganhei a aposta. Mas não tem problema, vamos até ali na sala vip da Cidade do Aço na rodoviária de Volta Redonda que você compra uma latinha por R$1,00! (Ps.: e é da boa, é de máquina de refrigerante!) Máquinas de refrigerantes... essas sim são um perigo! Em média, 17 pessoas morrem ao ano por culpa delas. O motivo? Soterramento, esmagamento, amassamento, diminuição estrutural significativa, mortadela humana. Sem falar da Califórnia, onde já quiseram vender maconha medicinal nas mesmas máquinas. Pensa bem, além de esfarelado, o cara ia ter overdose! Loucura, loucura, loucura.
"Tsssss... Aaaaah!". Onomatopéia óbvia, Joãozinho (o mesmo das piadas) abriu uma latinha, deu um gole prolongado a medida de sua taradeza de sede soltou aquele "Aaaaah!" de satisfação -por motivos de forças gramaticais maiores, eu não soube descrever gases soltos pelo nariz.
A idéia ilusória de "Tomo Coca Zero, logo sou saudável e natural" poderia ser levada a contextos sociais mais aprofundados e, convenhamos, realmente que mereça espaço na mídia, seja ela formal ou não. Há não muito tempo atrás, um carinha-poeta-cantor idealizou, ou melhor, 'tentou' incentivo àqueles que se viam escravos de algo. O tempo passou e uns bons milhões sofreram calados. O motivo? Ops! motivos, no plural, não faltavam. Hoje, já somos os netos e não os filhos da revolução, proletariado sem religião e sem deus que queria nos salvar, sem nação nem noção. Geração Coca-Cola Zero! Palavras de alguém que um dia já quis mudar o mundo, mas hoje preferiu tomar um suco de laranja com gelo e açúcar...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Retrato de um passado...

Acordou mais uma vez sem saber o que estava por vir, assim como o sol não sabe o que vai iluminar. Era primavera, a temperatura matinal era agradável. Tinha sido acordado pelo aparelho de som que fora programado para ligar às 6:17. Durante a noite, ele sonhava. Mas após acordar, não se lembrava de nenhum sonho, assim como não se lembrava de quantas vezes já tomara aquele achocolatado antes de ir para o colégio. Tinha 16 anos. Mal sabia como um dia sentiria falta daqueles tempos. Tempos em que se preocupava somente em se sair bem na escola e se sair bem com as garotas. Garotas essas que sempre lhe tomavam alguns minutos em meio às suas reflexões diárias. Ia caminhando para o colégio todos os dias. Sob a brisa da manhã, observava as pessoas nas ruas, em direção à escolas, lojas, destinos. Tinha curiosidade em saber se aquelas pessoas ao final do dia teriam suas vidas mudadas. Seriam elas as mesmas pessoas quando forem encostar suas cabeças no travesseiro? Durante as aulas, amizades eram consolidadas, relacionamentos eram iniciados, fatos ocorriam. Fato, que na noite anterior havia beijado os lábios de uma garota. Toca o sinal, fim de aula. Começou a fazer o caminho de volta para casa. Na cozinha seu prato de almoço o esperava. Naquele mesmo dia voltou ao colégio durante a tarde. Voltou a encontrar a garota na qual havia provado o néctar antes do sol nascer. Possuia lindos cabelos negros e lisos. Sua energia irradiava pelos seus olhos. Naquele dia passearam durante o cair da tarde. Sentados num banco de praça, percebeu a responsabilidade que existe quando alguém se enamora por outro. Queria ter o olhar apaixonado que o olhava, mas não o tinha. Outras vezes teria aquele mesmo olhar apaixonado, mas quem o olhava não o possuiria. A noite chegou, trazendo consigo o sono. É como Alguém diz, Morfeu é bastante persuasivo. Seus olhos se fecham, mas se abrem para enxergar os sonhos condenados ao esquecimento.
Acordou mais uma vez sem saber o que estava por vir. Olhou seu rosto no espelho, não sabia se era mais o mesmo. Não sabia também porque acordou com a lembrança daquele dia de primavera aos 16 anos. Começou a escrever sobre aquela memória. Colocando palavras no papel, descobriu o porquê da recordação de tempos longínquos:tinha se lembrado de um sonho já esquecido...