domingo, 23 de dezembro de 2007

A Revolta dos Chesters - Parte I


Cócóro cócó! Mais um dia é anunciado por uma bola amarela que surge no horizonte do sítio do velho Mário. Um cheirinho de café fresco exalava no ar se misturando com o da Dama da Noite. O inesperado se fez presente, e, no horário reservado pra refeição matinal aviária, Seu Mário leva um susto. "Óh não! Cadê us frangu?". Segundo o caseiro, na madrugada antecedente a catastrofe, viu um carro suspeito com placa da cidade mais próxima passar pela estrada de terra que cortava o sítio. O detetive Eurípedes Lopes tomou a frente do caso e foi buscar informações no tal lugar que denunciava a placa do automóvel.
Na cidade grande, o dia também começara. A grande estrela solar brilhava em meio a nuvens baixas e prédios altíssimos que cortavam a selva de pedras. Ninguém obtera a vista solar, mas com o céu mais negro que fosse, a gente sabe que o sol continua a iluminar em algum lugar. E, com certeza, esse lugar não era o supermercado. Eurípedes esperava encontrar lá alguma pista, pois era natal e não há época mais propícia para se comprar aves do que esta. Cinquenta e quatro passos desde a entrada até a sessão de congelados e um equívoco esbarra em seus planos: "Cadê as aves?".
O caos estava instalado. Como existirá natal sem chester? Ceia sem chester? Ano novo sem chester? A economia do país estava prestes a um colapso, quem sabe até ao neo crack da bolsa! Todos os frangos e derivados saíram ás ruas, carregavam faixas escritas: "Agora, se virem sem nós. Queremos que escutem nossa voz!". O barulho era ensurdecedor. A Polícia Militar estima a presença de quase meio milhão de aves. Mas, se você considerar a quantidade de uma ave para cada cinco brasileiros, em média, chegaremos ao inacreditável número de 36 milhões de frangos, chesters e perus. O líder do sindicato das Aves Livres pra Voar (ALV) justificou a falta dos demais membros por justa causa, até porque os dito cujos deveriam estar cumprindo um destino qualquer traçado por uma dona de casa. A repórter do Jornal Três Pontos fez a seguinte entrevista:
"Quais são as causas defendidas pelo AVL?
Nós estamos nessa luta há décadas. Todo fim de ano é a mesma história, nos congelam em freezer a -3º e, o companheiro que não for recrutado para um lar (ou sabe-se lá o que), será obrigado a virar água esperando ser comprado por um preço muito mais abaixo do valor real no mês de janeiro.
Então vocês não se preocupam com a morte de entes queridos, e sim com o valor que vocês tem perante o comércio. Certo?
Claro, minha filha. Morrer todos nós vamos, mas enquanto vivermos pelo menos que seja por valor real, conveniente e justo, não é verdade?"
A manifestação ainda está por toda parte. O Governo ainda estuda propostas para um acordo pacífico, pois da última vez que a espécie aviária se rebelou, desenvolveram uma gripe mortal aos humanos. Por enquanto, se você comprar uma ave de fim de ano estará financiando a circulação do mercado negro aviário, então, não faça isso caro leitor. Do contrário, você NÃO terá um feliz natal. Muito menos um feliz ano novo...

4 comentários:

Anônimo disse...

Eurípedes Lopes??
que massa!
esse detetive é o mesmo da Próxima Vítima, antiga novela global de sucesso

Guilherme D. Morais disse...

tdos tem o seu preço realmente...
e o do chester e peru aki ond estou é de R$6,78...
se o preço é justo ou não eu não sei...

Anônimo disse...

assim comos os franguinhos, cada um tem seu valor mas nem sempre somos reconhecidos como devemos e acabamos por 'morrer'

Anônimo disse...

A parte mais legal é qdo entrevistam o chester-chefe e ele diz não estar preocupado com a morte, em si, mas com o valor que lhe seria atribuido.
Dá pra levar na prática...